sábado, 15 de junho de 2013

A FOGOSA



Almeidinha vivia quebrando pau com a mulher, a Dalvina.  A sogra sempre ficava a favor do genro:
-Você tá errada, minha filha! Não é assim que se trata um homem!
-Mas ele quase quebra minha cabeça, mãe!
-Bem feito, ele tá mais do que certo!
Era assim: a filha era espancada e a mãe ainda dava cobertura ao agressor. Isso causava revolta na vizinhança:
-A dona Santinha vive protegendo o Almeidinha!
-Eu tô abestada com um negócio desses!
O tal Almeidinha tinha um cartaz enorme com a sogra. E ela falava para quem quisesse ouvir:
-As mulheres de hoje, a começar pela minha filha, não sabem o que é um homem!
Ajeitou os cabelos e prosseguiu:
-Nunca perdi a paciência com o finado Chico! E o bicho era um fino raparigueiro!
Depois de levar mais uma surra, Dalvina resolveu pular fora:
-Cansei, pra mim chega! Vou atrás de outro que me dê carinho!
Partiu sem dizer pra onde. Mas Almeidinha já está com outra mulher. Uma coroa muito conhecida: dona Santinha sua sogra, para a surpresa de todos. Principalmente da Do Carmo, que diz abertamente:
-Ô veia quente! Isso é o fim do mundo, meus netim!

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